domingo, 27 de maio de 2012

Agora você deve estar em qualquer lugar, trocando carinhos com aquela sua namoradinha sem sal e legal demais pro meu gosto. Enquanto eu estou aqui, confusa com o que você me disse na nossa última conversa. Por que diabos você faz isso, hein? Isso me pira de uma forma que tenho vontade de ir na sua casa e te estrangular. Que saco, poxa! Me deixe em paz um pouco, aprenda a resolver seus problemas sozinho. Seja maduro, seja homem o suficiente para acabar com a dúvida que te perturba. Eu estou cansada de você me ligando de madrugada, dizendo que está confuso e blá blá blá. E quanto aos meus problemas, ninguém se importa? Estou cansada de bancar a legal, a compreensiva, a psicóloga pra você. Na boa, eu gosto de você, mas acontece que eu não estou disponível o tempo todo pra te ouvir, muito menos com saco pra isso. Eu também tenho uma vida, sabia? Sendo sincera, eu tô mesmo vendo a hora de você me ligar num dos seus momentos de crise de existência e eu mandar você se foder, e mais que isso, dizer verdades que irão te magoar. Então, eu te peço, pra conservar nossa relação, não venha me sufocar com seus problemas. Isso é demais pra mim.

• Amigo: — Cara, você se arrependeu de ter terminado com ela? 
• Ele: — Olha pra mim, você acha que eu me arrependi? Eu saia sexta e só voltava segunda de manhã pra trabalhar. Eu peguei a mãe, a filha, a prima, a tia e só não peguei a vó da vizinha, porque ela tinha hemorroida. Eu tinha cortesia pra entrar nas melhores baladas. Eu esnobei as garotas que todos os homens queriam pegar. Transei de segunda à sábado, e domingo eu via futebol. Detalhe, sem ninguém me chamando pra ir ver a porra do casal feliz no Faustão ou sei lá o que. Me mandavam mensagens o dia todo e se você perguntar se eu li alguma eu vou te dizer que não. Eu podia ver filme pornô, levar a guria que eu quisesse pra minha cama e depois chamar o taxi pra ela ir embora pra eu não precisar gastar gasolina, porque convenhamos, tá cara pra caralho. Eu era o que elas queriam de qualquer jeito. E eu, queria todas de qualquer jeito, mas só um pouquinho cada uma. Chamava todas de bê, pra não errar o nome de nenhuma. E por que diabos elas achavam que isso era fofo? Eu ia pra academia as três das tarde e voltava as oito da noite. Tenho uma coleção de calcinha perdida na última gaveta da minha estante. Eu saia na rua com o som alto no carro e podia escolher a dedo, quero essa, depois essa e mais tarde, essa. Na minha geladeira nunca tinha uma caixa de cerveja, eram no minimo quatro. Eu não devia nada pra ninguém. A única guria que me cobrava alguma coisa, era minha mãe. Me cobrava minha cueca lavada e só. Não tinha que ir no cinema ver as comédias românticas e falar “own amor, eu faria o mesmo por você”. Não tinha que deixar de ir pra balada pra fazer um lanchinho em família. Não precisava me preocupar em horário e olhava pra quem eu queria na rua. Minha casa tinha festa toda quarta. Camisinha aqui tinha do Bob Esponja até das Três espiãs demais. E eu ainda dava de brinde um moranguinho pra cada garota. Meu trampo era sentado na frente do computador. Peguei tua irmã cara. A amiga dela. A Carolzinha filha do Prefeito da cidade. A Jú filha do gerente do banco. Loira, morena, ruiva, que gostava de pagode até a que gostava de gospel. Eu tinha o mundo na minha mão. E você me pergunta se eu me arrependi? Me arrependi caralho. Porque toda essa porra de vida perfeita nesses 4 meses que fiquei sem ela não teve valor nenhum depois que eu vi ela sorrindo de um jeito que nunca sorriu pra mim, pra um outro cara aí. Pra um vagabundo desgraçado que vai fazer ela feliz, porque eu, eu não fiz ela feliz e ainda mandei a melhor coisa que eu tinha na vida me esquecer. E sabe o que é pior? Ela me obedeceu.