Enquanto eu pulava sem parar na cama e com o som no último volume, ele dizia que ia embora. Jogava as roupas dentro da mala, enquanto eu berrava a minha música. Ele me encarava e dizia inúmeras vezes: "Você é uma louca!". E eu simplesmente
o ignorava. E eu via a ira estampada no seu rosto, mas eu não podia parar. Eu adorava aquele jogo! Ele simplesmente me puxou pelo braço e olhou no fundo dos meus olhos e afirmou "Você sempre estraga tudo". Eu sentei-me na cama, e olhei ao redor. O quarto estava uma bagunça. Quem dera se a bagunça só se fizesse ali. Pensei. Naquele momento eu sabia que eu deveria assumir que estava errada. Afinal eu estava sempre errada. E pedir para ele ficar. Fazer mil e uma promessas. Dizer que dali pra frente as coisas seriam diferentes. Mais uma vez. Abraçá-lo fortemente e assumir que eu precisava de sua companhia. Até vê-lo ceder. Me aconchegar em seus braços e dizer "Vai ficar tudo bem". Mas seria egoísmo demais de minha parte fazer esse teatro todo de novo. E aqueles olhos castanhos escuros me olhavam, esperando uma resposta. E eu era covarde demais para olhar naqueles olhos. Encarava a parede fixamente tentando conter as lágrimas que possivelmente iriam cair. A minha música acabou. E eu virei-me pra ele e disse com toda frieza possível: "Não esquece de pegar sua escova de dentes no banheiro. Não quero mais lixo aqui". E aquilo foi uma facada para mim, mas eu acho que fiz a escolha certa. Ele precisava ser feliz. E eu não era a pessoa certa para causar isso nele. Ele abaixou a cabeça, como quem estava decepcionado com o que acabara de ouvir e seguiu em direção à porta. E minha vontade era de correr atrás dele, de dizer tanta coisa. Mas eu li em algum lugar que "Amar é deixar a pessoa ser feliz, mesmo que seja com outra pessoa". E foi por isso que o deixei partir, porque o amo. E talvez ele nunca entenderá minha razão de ter lhe deixado ir. Mas no fundo, eu espero que ele também compreenda que essa foi a melhor saída.
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